poesia de Margarete Solange
Em Jerusalém morre Jesus
de Nazaré,
Pendurado no madeiro
Como um malfeitor qualquer.
Num cenáculo fechado,
Choram os discípulos,
inconformados.
Pelas ruas uma corajosa
mulher
Sozinha caminha,
Vai ao horto prantear o
Mestre morto.
O sol sorrindo aquece a
manhã do terceiro dia.
Flores de tantas cores,
olhos repletos de lágrimas não viam.
Dos pássaros jubilosos
ouve-se a cantoria,
Vozes de um coro angelical.
Por um instante estanca o
pranto,
Silêncio no jardim onde o
morto jazia.
Apressa o passo,
Nenhum guarda por lá se
via.
Aturdida, contempla a
pedra removida,
O túmulo violado, o corpo
roubado.
Ressurge o pranto, lamenta
ressentida:
Sequer deixaram o Mestre
em paz descansar.
E não se percebe até então
envolvida por um imenso clarão.
Um esplendor celestial
anuncia boas novas de alegria
Que Maria ainda não podia
compreender.
Até que um jardineiro com
dulçor
Surge ao seu lado vindo
lhe socorrer.
Turbada, soluça embalada
pela dor
De repente perder seu
Mestre novamente.
Mas Jesus num brado se
denuncia
E alma da discípula salta
de alegria:
Coros celestiais cantam
vitória,
Nas alturas, glória: Jesus
ressuscitou!
Na voz de uma simples
mulher
A grande nova surgia:
– Irmãos amados, não
temais, abram a porta.
É Maria pra dizer com
alegria
Que o Mestre ressuscitou!
Fonte
Margarete Solange:
O crente não escolhe,
é um escolhido.
Boas Novas p. 24
Editora Queima
Bucha, 2011